A boa lembrança mantém viva a juventude, revigorando
os velhos passos a buscar caminhos novos para sentir a satisfação de ser feliz
com pouco a exemplo da infância. Um sorriso basta, uma velha carta basta, uma
música basta. Chega um ponto onde não mais queremos conquistar o mundo, mas
sim, que ele nos conquiste. Ver de perto a chuva de folhas das árvores
proporcionada pelo vento. Sentir o vento da varanda tocar a face sem preocupar
os nós do cabelo. Desnudar a alma diante da majestade natureza e glorificar a
contemplação da beleza estonteante das montanhas. Ser aprendiz sem razão de
ser. Viver sem explicação. Rir sem motivo. Chorar sem motivo. Aceitar a
condição humana tal como é. Questionar o movimento. Não ter resposta para que a
busca continue. E sentir a descoberta de que nunca haverá revelação plena, pois
a curiosidade é o que move os passos. E contentar pela sabedoria dos
ensinamentos incompletos, que na sua imperfeição, serão eternizados na busca
constante por explicações de cada instante.
E na paz trazida por Deus, a cortina bailarina dança
suave ondulando o voal como uma criança a brincar de esconde esconde, esperando
que encontremos ali o além da janela, o quintal de tantas cirandas, cabanas e
corridas. O gramado que há tempos não sente nossos pés descalços.
Colecionar borboletas soltas, assim como os
pássaros, as joaninhas tão sumidas, os tatus bolinhas, as centopeias, num
emaranhado de soltura, liberdade agraciada pelo respeito à todas as formas de
vida.
Reconhecer nossa pequenez sem mágoa por saber que
nada é ínfimo neste mundo.
Por fim, fechar os olhos repousando o ser no
descanso de lindos sonhos a confidenciar os segredos da nossa existência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário