O legal quando se sobe numa bicicleta é o vento que bate no
rosto, a vontade de abrir os braços na descida, de soltar os pés do pedal, de
ficar de pé enquanto as rodas nos levam por caminhos que seriam ignorados não fosse
a sensação de plenitude que nos envolve.
Andar de bicicleta é mais que exercício físico, é muito mais
que instrumento da vaidade. Aliás, estar bonito em cima de uma bicicleta é o
mesmo que usar alta costura para comprar pão. Simplesmente não combina.
Ela quer ver cabelos soltos, ela quer apostar corrida com os
carros, ela quer que a levemos por trilhas fechadas para sentir o cheiro da
mata. Ela quer rodar até revelar a criança que existe em nós.
A vida requer equilíbrio do mesmo jeito que pede coragem.
Mas não a coragem insana de quem não mede as consequências. Ela quer daquela
que usamos ainda crianças, quando aprendemos a andar de bicicleta.
Começamos devagar, sentamos no banquinho e colocamos os pés
no chão. Testamos o equilíbrio e cautelosamente liberamos a bravura para
colocar um dos pés no pedal. Analisamos a distância que servirá de objetivo e
elegemos o terceiro poste. Ninguém coloca o desafio para nós, senão nós mesmos!
Então, inspiramos fundo e num empurrão, a coragem
impulsiona. Os braços, sempre repousados no guidão não tiveram tempo de
preparação. Eles tremem e não decidem para qual lado seguir. A bicicleta requer
harmonia e paciência. A vida também.
Mas o medo toma conta, caímos no chão. Levantamos,
chacoalhamos a poeira e retornamos ao mesmo ponto de partida. Mas nós já não
somos os mesmos. Temos a experiência da primeira queda e o orgulho de
persistir. A bicicleta requer atitude. A vida também.
E com o coração em êxtase, e com garra, apertamos as mãos
com força, visualizamos o ponto de chegada e pedalamos com a certeza de que,
finalmente, venceremos. Vez ou outra as rodinhas de apoio raspam o chão, até
que então, encontramos o equilíbrio. O terceiro poste ficou para trás. E lá vem
o sorriso de missão cumprida. E ele dura para sempre, ou ao menos, sempre que
vemos uma bicicleta.
Albert Einstein disse que viver é como andar de bicicleta: É preciso
estar em constante movimento para manter o equilíbrio.
Mas devo acrescentar: Para manter o equilíbrio é preciso
viver os ensinamentos da bicicleta. Sendo assim, devo perguntar:
Você, sabe andar de bicicleta?
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